Incontinência urinária: correr aumenta a probabilidade do problema?

1 de novembro de 2019

Incontinência urinária é um problema mais presente e comum do que imaginamos. Quem nunca, ao tossir, perdeu um pouco de xixi? Ou, até mesmo, quando dá uma risada? Define-se  incontinência urinária como “a queixa de qualquer vazamento involuntário de urina” e é um problema comum na população feminina, com taxas de prevalência variando entre 10% e 55% em mulheres de 15 a 64 anos. 

Muitos  fatores predispõem a perda urinária. Um deles é a raça: mulheres brancas perdem mais urina do que as negras. Outro é a gravidez, um fator predisponente, principalmente com o parto normal; e a obesidade também pode ser considerada fator de risco, entre outros.

A forma mais comum é a incontinência urinária de esforço, definida como “vazamento involuntário por esforço ou por espirro ou tosse”. Por isso, as perdas urinárias podem estar relacionadas à sua atividade física, independentemente dessa atividade ser profissional ou não. A corrida e o trampolim são as atividades que mais têm correlação com este tipo de problema, provavelmente pelo grande estresse que causamos na musculatura da pelve durante a execução desses dois exercícios.

Em busca de um maior esclarecimento acerca do assunto, alguns trabalhos desenharam um panorama do acometimento de perda de urina em atletas e percebeu-se nesses estudos que a atividade física de alto impacto pode levar à evolução de perda urinária em até 70% das mulheres. Além disso, constatou-se que as  mulheres que praticam atividade física apresentam perda urinária três vezes maior do que as sedentárias. Mas por quê? Esta ocorrência está relacionada à falta de preparo dos músculos da bacia, responsáveis por sustentar a bexiga e a uretra como se fossem pilastras.

Para as mulheres “menos esforçadas”, aí vai um recado: esta desculpa não serve para evitar exercícios, ok? Pois a atividade física previne doenças que aumentam a mortalidade, tal como hipertensão, infarto, AVC , diabetes e obesidade, entre outras. Ou seja, os benefícios são inúmeros para tornar a vida mais saudável em diversos âmbitos.

Corrida x infecção urinária

Falando especificamente da corrida, devemos levar em consideração que o impacto durante o exercício submete o assoalho pélvico a um grande trauma. A aterrissagem na segunda fase da corrida – aquele momento em que apoiamos o pé no chão – exige esse assoalho pélvico forte o suficiente para que sustente a uretra e a bexiga frente ao grande impacto sofrido pelo corpo, pois se a musculatura em volta da bexiga e da uretra não estiver reforçada, a perda urinária será inevitável.

Uma curiosidade: devido à importância da perda de urina em atletas, algumas faculdades apresentam ambulatórios especializados para o atendimento e tratamento desta população. 

Entretanto, talvez o fator determinante para a perda urinária seja a própria anatomia, porque nós, mulheres, temos uma uretra curtinha e, consequentemente, menos continente; enquanto os homens têm uma uretra muito mais comprida. Por isso, só veremos um homem perdendo urina após eventos cirúrgicos ou traumáticos. Brinco que, mais uma vez, a natureza nos é um pouco ingrata. Por exemplo, em mulheres mais velhas, a perda urinária é pautada ainda por outros fatores, mas  esse é um assunto para outro post. 

Lembrando que, para os casos iniciais de perda urinária, podemos fazer tratamentos com exercício para fortalecer a musculatura da bacia que sustenta a bexiga e a uretra, mas independentemente do estágio, um especialista deve ser sempre consultado.