Endometriose pode ser diagnosticada por meio de ultrassom especializado

31 de janeiro de 2020

Primeiro precisamos entender o que é endometriose: é uma doença benigna caracterizada pela presença de células de endométrio (tecido que reveste parte interna do útero e que é eliminado durante a menstruação) fora do útero. Esses implantes, assim chamadas essas células de endométrio fora do útero, podem ser encontrados nos ovários, nas tubas uterinas, no intestino, na bexiga ou em outras partes do abdome e raramente fora do abdome como em pulmões, por exemplo. Eles dependem de hormônios femininos do ciclo menstrual e, em virtude da ação hormonal, sangram, criando um processo inflamatório no tecido circundante, irritação e cicatrizes.

O crescimento desses implantes de endometriose pode ocorrer em extensão ou profundidade, e a lesão endometriótica que penetra mais de 5 mm no tecido é conhecida como endometriose profunda ou endometriose infiltrativa. A profundidade da infiltração está relacionada com o tipo e severidade dos sintomas. As cicatrizes podem crescer e formar aderências, causando dor, menstruações anormais, relação sexual dolorosa e infertilidade, eventualmente.

Qual a importância da doença na população?

A endometriose acomete cerca de 15% da população feminina da cidade de São Paulo, segundo a Prefeitura de São Paulo. No Brasil, são cerca de 6 milhões de mulheres sofrendo com a endometriose, sendo que 53% desconhecem a doença, segundo a pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE).

A endometriose leva a uma perda significativa de produtividade de 38% a mais do que aquelas mulheres sem a doença devido à dor e, 176 milhões de mulheres são afetadas durante o auge de suas vidas. O impacto na produtividade é refletida pela ausência e diminuição da eficácia no trabalho e consequentemente pela atividade debilitada e baixa autoestima. Assim, a endometriose apresenta um impacto negativo na qualidade de vida dessas mulheres, que, desde a primeira menstruação, sofrem com dores intensas, necessitando de medicações analgésicas cada vez mais fortes, consequente ao atraso diagnóstico da doença, em média de 7 anos.

Quais os principais exames para o diagnóstico de endometriose?

O diagnóstico pode ser suspeitado pela história clínica e pelo exame ginecológico com presença de lesões ou nódulos vaginais/ próximos ao colo do útero (retrocervical/ ligamentos útero sacros).  No entanto, as lesões localizadas mais altas na pelve, intestino necessitam de outros exames para serem detectadas, como a ultrassonografia pélvica transvaginal, a ultrassonografia transretal associada ou não à colonoscopia, a ressonância magnética e o enema baritado.

Dentre os exames citados, a ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal prévio vem ganhando preferência na investigação de endometriose profunda em grupos de referência, por ser menos invasiva e superior aos outros exames, como colonoscopia e ressonância magnética.

Ultrassom especializado em endometriose

A ultrassonografia transvaginal é realizada após preparo intestinal, iniciado na véspera e complementada no dia do exame, com objetivo de eliminar os resíduos fecais e gases eventuais intestinais, que poderiam atrapalhar na identificação de lesões de endometriose presentes no reto, sigmoide, região retrocervical e septo retovaginal.

Este exame avalia qualquer alteração no útero, ovários, vagina, bexiga, ureteres distais e alças intestinais e, por ser um exame dinâmico, permite avaliar a mobilidade dos órgãos e possíveis aderências. No caso de acometimento do intestino por implantes de endometriose, o ultrassom transvaginal especializado é o melhor método diagnóstico, pois identifica precisamente as camadas da parede intestinal comprometidas, o número de lesões e a localização através do distanciamento em relação ao ânus.

Quando bem realizado, com profissionais devidamente treinados, fornece informações precisas para a escolha do tratamento adequado.