Malformações cardíacas fetais

14 de janeiro de 2020

Em algum momento, durante a rotina de atendimento, nos deparamos com casos marcantes. Por exemplo, as malformações cardíacas fetais. Parece uma bomba nuclear que vem para nos assolar, na qual perdemos o chão e torcemos para que a compaixão pela dor da futura mãe não nos encha os olhos de lágrimas.

Do ponto de vista técnico, destaca-se a importância de um pré-natal detalhado e uma equipe parceira de imagem preparada e sempre atualizada. Existem os casos simples, em que fazemos o diagnóstico e somente acompanhamos; e os casos graves, em que devemos programar o  local do parto para o suporte neonatal e possível cirurgia imediata.

1. Cardiopatias fetais com comprometimento funcional tardio

Esses casos não têm repercussão no feto enquanto ele estiver dentro do útero:

A – comunicação interventricular (CIV);

B – defeito septal atrioventricular;

C – comunicação interatrial (CIA);

D – persistência do canal arterial.

2. Cardiopatias fetais com comprometimento funcional neonatal

Seu diagnóstico é durante o pré-natal, entretanto, é mandatório, para que seja possível equacionar o nascimento em ambiente adequado para o atendimento neonatal, assim como para planejar as ações terapêuticas imediatas.

3. Cardiopatias fetais com comprometimento funcional intrauterino

Este grupo de malformações cardíacas fetais é aquele que tem a maior perspectiva de ser beneficiado com o avanço das técnicas invasivas de terapêutica pré-natal, já que suas manifestações clínicas ocorrem durante a vida intrauterina. Embora inúmeras cardiopatias com grave repercussão in utero ainda não possam ser manipuladas diretamente por métodos intervencionistas, o conhecimento dessas doenças permite o tratamento medicamentoso por via transplacentária (materna) ou por cordocentese (fetal direta), conforme a indicação específica.

O diagnóstico da maioria das malformações cardíacas fetais é possível de ser realizado com ECO fetal, sem maiores dificuldades. Por isso, é de suma importância a realização do ultrassom morfológico de segundo trimestre e eco fetal com 28 semanas. Os avanços diagnósticos e terapêuticos da cardiologia fetal caminham com questões técnicas, científicas, éticas, morais, legais, religiosas e emocionais. Em última análise, nós, médicos, que lidamos com o pequenino protegido pelo útero materno, precisamos nos questionar incessantemente se nossas atitudes e habilidades estão trazendo perspectivas de bem-estar ao feto e à sua família. Se a resposta neste instante for sim, a busca da menor melhora de vida deve transpor os limites do impossível!!!