Você já deve saber que a gestrinona é um hormônio feminino com ação masculina:
- Anabólica: para ganhar massa;
- Androgênica: pelos, acne e queda de cabelo.
Quando foi criada via oral, testaram várias doses e os ensaios sempre buscam evitar as doses altas, quando o efeito à saúde pode ser ruim – mesmo que na avaliação de bem-estar o paciente se sinta bem.
Com hormônios é importante usar a menor dose que faça efeito porque existem efeitos colaterais visíveis, como acne, oleosidade e queda de cabelo, que você identifica e reajusta a dose; além de efeitos não visíveis, que podem aparecer a longo prazo, onde parar a medicação não retrocede o dano, como:
- Mudança do perfil lipídico (colesterol);
- Mudança dos valores glicêmicos (açúcar e insulina)
- Perda óssea a longo prazo.
E por que a sociedade é contra?
Alguém pode pensar que a sociedade ser contra a gestrinona por ser ruim, mas não é bem assim!
A gestrinona é boa quando é bem indicada. Ela foi tirada do mercado porque perdeu sua capacidade de gerar lucros e também pela via oral ter os efeitos indesejáveis maiores. Mas é ótima para proteger o endométrio, diminuir o sangramento e aumentar a testosterona.
E aumentando a testosterona, você ganha massa magra, libido, força e algo que chamo de potência de movimento. Existe uma qualidade de vida maior – a única coisa que devemos tomar cuidado é com a dose e associações.
“Ah, então por que nenhuma indústria farmacêutica fabrica a medicação?” Simples: o investimento não trará tantos ganhos, então preferem buscar drogas novas que possam aumentar os lucros do que melhorar as antigas. E as sociedades? Preferem proibir!
É preciso criar estudos e banco de dados para que quem usa possa provar os benefícios e pontuar e monitorar efeitos colaterais em longo prazo!
Inimiga número 1? A importância de publicar e reunir dados!
Escutando todo esse debate com ataques de todos os lados, fico pensando o que seria do mundo sem estudos que acompanham os pacientes a longo prazo.
Sempre falo do estudo WHI de 1994, que acompanhou as pacientes de reposição hormonal durante anos. Nos anos 90, os hormônios eram um ‘boom’, e todo mundo os usava. As experiências individuais eram eventualmente boas.
Quando reuniram 168 mil mulheres acompanhadas frequentemente, os dados populacionais geraram uma visão clara do porque surgem as complicações e não se perdem os casos desfavoráveis, tudo pode ser analisado claramente.
Se o paciente sente que sua experiência não foi favorável, ele não volta com o médico que implantou o hormônio e procura outro.
O médico perde o caso e não sabe desses desconfortos, e o outro médico que recebe esses pacientes, só recebe os casos que não deram certo. Assim, a opinião fica com um viés, e é isso que está acontecendo.
Não existem só coisas boas ou só coisas ruins com medicação.