Este mês, de forma surpreendente e infeliz, tivemos diagnósticos de tumor de mama em pacientes jovens, com menos 45 anos – o que me fez ir atrás de novas evidências para ver o que realmente está associado a este aumento. Para ser o mais sólida possível em minha busca, abri mão da medicina baseada em evidências – metodologia séria de pesquisa, que nos permite análises estatísticas e epidemiológicas de maneira a não cair em achismos.
Entretanto, em 75-80% das mulheres, nenhum fator de risco é encontrado e, ao mesmo tempo, tantos casos são mais possíveis… Parece uma loucura, né?!!!! Ao fazer a pesquisa de forma sistemática, encontrei trabalhos com dados irrefutáveis, ou seja, inegavelmente verdadeiros, e que se repetem, realizados com grande quantidade de pacientes.
Fatores que NÃO PODEMOS mudar:
- O primeiro fator básico desse grupo é a idade do paciente no momento do diagnóstico da doença neoplásica, que, na grande maioria, é MENOPAUSA!!!;
- Com toda certeza, posso afirmar: atinge predominantemente mulheres (homens são menos de 1%);
- Raça caucasiana predomina: 127 a cada 100.000 mulheres; já as negras são 121 a cada 100.000 mulheres;
- Suscetibilidade familiar, ligada aos marcadores BRCA 1 e 2;
- Menstruações precoces, ou seja, com menos de 11 anos, aumentam o tempo de exposição aos nosso hormônios e relacionam-se a este aumento de câncer de mama;
- Engravidar cedo protege as mamas, assim como a amamentar mais anos;
- Atraso na menopausa aumenta em 3% o risco de câncer de mama.
Fatores que PODEMOS mudar:
- Obesidade, evitando alimentos gordurosos e industrializados;
- Atividade física regular, de 3-5 vezes por semana, acreditem, diminui 20-40%;
- Evitando reposição hormonal via oral!!!!! Aumenta 15%, em 5 anos de uso, e 34%, em 10 anos!!!! Por quê??? Farei live em breve para contar!
Mito ou verdade
Anticoncepcional e tumor de mama
A maioria dos estudos não observou aumento significativo no risco de câncer de mama com longas durações de uso. Dados individuais de 54 estudos epidemiológicos foram coletados e analisados centralmente. Nesta grande análise conjunta, foram avaliados dados de 53.297 mulheres com câncer de mama e 100.239 mulheres sem câncer de mama, e nenhuma relação geral foi observada entre a duração do uso e o risco de câncer de mama.
Isso fica mais claro explicado desta forma: se pegarmos 10 mil mulheres e analisarmos por idade, a incidência de câncer – usando ou não usando anticoncepcional – temos, entre 40-44 anos, 260 mulheres que tiveram câncer de mama usaram anticoncepcional e 230 que não usaram.
Álcool e câncer de mama
Estudo feito com 58 mil mulheres com tumor de mama: as que consumiram 35-44 g/dia de álcool (cerca de 3 doses por dia), tiveram um risco aumentado de 7,1% para cada 10 g/dia. Por quê?? Porque o álcool aumenta os níveis de hormônio e o inativa os metabólitos do ácido fólico.
Cafeína e álcool
Alguns estudos relatam que mulheres com doença benigna da mama experimentaram alívio dos sintomas, após eliminar a cafeína de sua dieta. Mas, na maioria dos estudos de caso-controle, no entanto, não se observou evidências de uma associação positiva com câncer de mama. Isto quer dizer que quando usamos um grupo que toma café e outro que não toma, não existe diferença estatística, ou seja, pode tomar seu cafezinho.
Na verdade, ao procurarmos na internet, é preciso tomar cuidado com a busca e com as matérias sensacionalistas. Para uma interpretação crítica e sólida, temos que utilizar muitos trabalhos com metodologia apurada, para não cair em FAKE NEWS DA SAÚDE. Empoderamento é ter informação confiável, consistente de trabalhos de pesquisa sérios.