Perda precoce da gravidez

15 de abril de 2020

A perda precoce da gravidez é um evento chocante e traumático para as mulheres e suas famílias. O aborto, geralmente, induz a um período intenso de sofrimento emocional. Essa reação tende a melhorar nos meses seguintes, mas permanecem algumas preocupações psicológicas. A maioria das mulheres, nessas circunstâncias, engravida novamente, mas os distúrbios de humor ainda são residuais.

Aproximadamente 25-30% de todas as gestações terminam em aborto, tornando-se uma complicação comum da gravidez precoce. A gravidez e o nascimento são considerados um momento de alegria, mas a perda precoce da gravidez é um evento triste e que traz muita dor, emocionalmente falando. Essa reação tende a melhorar em seis semanas, com maior resolução dos sintomas após vários meses.

Nas primeiras semanas após a perda, pode ser impossível distinguir os sintomas do luto e depressão, e algumas mulheres podem continuar experimentando sintomas depressivos por meses. Quando as mulheres estão tendo dificuldades na concepção, as preocupações podem ser ampliadas.

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A perda para o marido e a sociedade

Para o marido esta situação é difícil porque, por mais solidário que seja, a vivência do sofrimento não é a mesma. E não adianta querer medicar esta mulher para ela passar melhor ou mais rápido por esta fase, ela deve sentir o luto e deve ser ouvida. As mulheres, diferentemente dos homens, precisam falar muitas vezes sobre o assunto e vão digerindo lentamente esta perda. Acho que isto, para a maioria dos homens, é o mais difícil de entender, mas basta ouvir, ouvir e ouvir novamente. Assim, ele já está fazendo sua parte.

A sociedade pode não reconhecer o significado da perda para os pais. Tradicionalmente, quando ocorre uma morte, as famílias são capazes de lamentar abertamente sua perda e receber apoio por muitos meses. No entanto, no aborto espontâneo, a perda é súbita e muitas vezes inesperada, e as mulheres podem não ter compartilhado o fato de estarem grávidas, deixando-as em luto sozinhas, socialmente isoladas.

Às vezes, o impacto psicológico do aborto é negligenciado, porque o aborto é muito comum e sua administração clínica é direcionada pelos médicos como algo simplesmente a ser superado. Neste momento, cabe ao profissional ser solidário, dar apoio e atenção.