Dicas para preparação do parto – Parte II

5 de novembro de 2020

Hoje volto com a parte II das dicas para preparação do parto! Para acessar a parte I, clique aqui!

Prática de Parto Saudável nº3: Traga um ente querido, marido acho que é o par ideal para suporte contínuo.

No trabalho de parto, as mulheres se sentem melhor quando cuidadas e encorajadas por pessoas que conhecem e em quem confiam. Para a maioria das mulheres, isso significa família ou amigos íntimos. Eles apoiam a parturiente de maneiras simples, mas importantes: protegendo sua privacidade, ajudando-a a se sentir confortável, criando um casulo que a ajuda a se sentir segura e protegida. Isso é especialmente importante no ambiente hospitalar desconhecido e, muitas vezes, opressor.

Nos últimos anos, as enfermeiras obstetras têm fornecido suporte emocional e físico contínuo para parturientes e suas famílias. As enfermeiras que compõem nossa equipe têm a vantagem de conhecer bem o trabalho de parto, o parto em si e inúmeras maneiras de ajudar as mulheres a encontrarem conforto e se sentirem protegidas e seguras durante o processo. Essa experiência é uma grande vantagem, especialmente em ambientes hospitalares.

Os resultados da pesquisa demonstram que o apoio ao parto reduz a probabilidade de solicitação de analgésicos, de dor pós-parto intensa e aumenta a chance de parto vaginal espontâneo. Mulheres que têm suporte de trabalho de parto contínuo ficam mais satisfeitas com a experiência do momento, têm menos cesarianas e são menos propensas a erros (Hodnett, Gates, Hofmeyr, & Sakala, 2007; Leslie & Storton, 2007).

Toda mulher grávida precisa saber que o suporte emocional e físico contínuo, durante o trabalho de parto, torna o parto mais seguro e saudável para a mãe e o bebê e uma experiência inesquecível!

Prática de Parto Saudável nº4: Evite intervenções que não sejam medicamente necessárias (Lothian, 2009).

Na maioria dos serviços, as mulheres têm rotineiramente suas veias pegas com soro, monitoramento fetal eletrônico contínuo e restrição de comida e bebida durante o trabalho de parto. Cada uma dessas práticas pode, de alguma forma, atrapalhar!

Como?

O monitoramento fetal eletrônico, que chamamos de cardiotocografia (aparelho que vê a frequência cardíaca fetal e a contração), não precisa ficar direto porque restringe a capacidade da mulher de andar e impede a mudança de posição em busca do conforto à medida que as contrações se tornam cada vez mais dolorosas. Alimentos e líquidos são normalmente restritos para prevenir a ocorrência (extraordinária e raríssima) de aspiração, caso a anestesia geral seja necessária. Se a mulher consegue comer e beber durante o trabalho de parto, não há necessidade de acessos intravenosos precoces; e a glicemia é mantida boa para o bebê.

Nenhuma pesquisa sugere que o trabalho de parto e o parto sejam mais seguros se a comida e os líquidos forem restritos e os acessos intravenosos estiverem instalados. Na verdade, evidências crescentes indicam que o uso rotineiro de cateteres intravenosos pode contribuir para a sobrecarga de fluidos no processo (Goer et al., 2007). Em essência, o uso rotineiro de monitoramento fetal eletrônico deve ser feito de forma intermitente e o acesso venoso tardio (Goer et al., 2007).

As peridurais interferem no processo de trabalho de parto e nascimento de maneiras importantes – se feitas muito precocemente. Um pouco de dor faz o cérebro continuar liberando ocitocina que coordena o trabalho de parto, mas se feitas de forma mais tardia, aliviam a dor e aceleram o trabalho de parto.

Por isso, um bom anestesista é 50% deste sucesso – aquele que faz analgesia e alivia a dor trabalho de parto sem que a mulher perca a capacidade de se locomover (Goer et al., 2007).

Toda mulher grávida precisa saber que cada uma dessas intervenções tem efeitos indesejados, se aplicados de forma rotineira precocemente. O objetivo de todo medico é preparar o terreno para uma cascata de alterações fisiológicas que podem evoluir com complicações e minimizar danos, mas fazer estas ações de forma mecânica, sem o devido acompanhamento ou terceirizando responsabilidades, pode trazer sérias complicações.

Prática de parto saudável nº5: Evite dar à luz sem se mexer e aproveite ao máximo as contrações e impulsos do corpo para empurrar seu bebê junto com a dor (DiFranco, Romano, & Keen, 2009).

As posições em que você fica em pé – incluindo agachar, sentar ou deitar de lado – tornam mais fácil para o bebê descer e se mover pelo canal do parto. Mudar de posição o ajuda a se mexer na pelve, aumentando os diâmetros pélvicos e diminui o tempo de parto. Assim, diminuem os partos com fórceps ou a vácuo, temos menos episiotomias, menos padrões anormais de frequência cardíaca fetal e menos chance de ter dor intensa durante o puxo/força para ajudar o bebê a descer (Gupta, Hofmeyr, & Smyth, 2004).

Uma alternativa é esperar o máximo que você conseguir, postergar a anestesia e aproveitar parte da dor que gera impulsos instintivos de empurrar e que ajudam o bebê a descer pelo canal do parto. E deixar a anestesia, como epidural, mais para o final, o que alivia a dor e facilita a passagem pela pélvis da mãe.

Se você não quiser a anestesia também, sem problemas!!!!

Toda mulher grávida precisa saber que é mais seguro e saudável para a mãe e o bebê quando ela, em trabalho de parto, ajuda a empurrar em várias posições (e não só a convencional de costas) e segue seus próprios impulsos para isso.

Se a dor se tornar algo desconfortável, pode pedir a anestesia. Eu tomei anestesia e não me arrependo!!!!!