Anticoncepcional: mitos e verdades (Parte II)

4 de junho de 2020

Dando continuidade ao nosso tema dos mitos e verdades que cercam o anticoncepcional, vou falar sobre outras coisas que ouço por aí!

E infertilidade??? Anticoncepcional causa infertilidade???

Mito: não!! A infertilidade é sua. Ou, ainda, posso dizer que você postergou muito a maternidade, infelizmente. Uma coisa é engravidar ao 20 poucos anos, outra é engravidar ao 36-40 anos. O anticoncepcional serve para tratar alterações hormonais, endometriose, cistos e outras doenças em prol da fertilidade.

Hormônio sintético faz mal?

Verdade: sim, para uma parte da população, os efeitos adversos são marcantes e podem fazer com que usar o anticoncepcional seja uma experiência ruim. Tenho pacientes que têm dor de cabeça, outras dor na mama, algumas não melhoram da TPM. O que não podemos fazer é acreditar na polarização é bom / é ruim – tudo depende.

Hoje em dia existem anticoncepcionais com estradiol ou valerato de estradiol que não são idênticos ao produzidos pelo corpo, são bioidênticos. Sua diferença com os sintéticos está na potência e nos menores efeitos adversos, principalmente trombose. Nenhuma escolha na sua vida será isenta de consequências, mas estas novas formulações tendem a ter uma vantagem sobre os sintéticos.

Aí vamos nós para a outra afirmação:

Quem não toma anticoncepcional é mais saudável?? Será??

Mito: os anticoncepcionais não só evitam gestação, mas seu uso por até 5 anos diminui as chances de câncer de ovário, câncer de endométrio, diminui doença inflamatória pélvica e gestações ectópicas. Além disso, previne anemias e regula o fluxo.

Ao mesmo tempo, alguns anticoncepcionais aumentam o risco cardiovascular, por aumentar a pressão em determinada parcela da população, e há casos associados ao risco de câncer de fígado. Contudo, no fim das contas, o risco atribuível ao uso de CO é muito baixo, estimado em cerca de 2 casos por 100.000 usuários por ano entre mulheres que usaram anticoncepcional por cinco anos ou mais.

Por isso, a seleção deve estar pautada em riscos e benefícios por um médico que possa fazer a melhor escolha baseado em conhecimento e estatísticas. Mas se você, por qualquer motivo, achar que não é para você, existem outras formas de evitar gravidez. Ninguém quer catequizar ninguém, mas toda mulher merece uma informação sólida, imparcial, baseada em fatos e não em versões.