Diante de uma indicação minuciosa e bem orientada, a reposição hormonal de testosterona pode, sim, melhorar a libido das mulheres. No entanto, é necessário ficar atento a alguns fatores.
Primeiramente, é fundamental avaliar os sintomas e as queixas relatadas pelas pacientes. Em seguida, devemos associar os fatores mencionados ao questionário de desempenho sexual, que analisa diversos aspectos – entre eles, a relação com o parceirx.
Para melhorar a libido das mulheres, é preciso muito mais do que repor hormônio, uma vez que ele só é capaz de melhorar aquilo que faz falta no seu organismo; é preciso analisar a situação de forma ampla!
Baixa testosterona não é parâmetro da libido
A ideia da testosterona como uma cura para a disfunção sexual feminina continua popular. Entretanto, é importante destacar que a baixa testosterona não é parâmetro da libido – e isso fica mais evidente a cada semana no ambulatório que atuo.
Quer exemplo maior que as pacientes, cujo questionário sexual é de dar inveja em qualquer um, e que apresentam baixa testosterona no exame de sangue? O maior marcador para melhorar a libido em mulheres é simples: ser desejada e explorada! Quanto a isso, não há nenhuma novidade, né?
Precisamos de um parceiro generoso, explorador e que tenha muita paciência! Esse é o primeiro passo para melhorar a libido em mulheres!
Disfunção sexual: testosterona é a solução?
Se a falta de testosterona for o seu problema, sim. Contudo, a resposta ao tratamento não pode ser só direcionada pela reposição hormonal, porque outros fatores estão correlacionados.
A testosterona em níveis suprafisiológicos aumenta a eficácia do estrogênio de baixa dose no aumento do desejo sexual das mulheres. Mas o que nós sabemos a respeito disso?
Sabemos que a diminuição gradual – e relacionada à idade da função ovariana pela menopausa – diminui os níveis de esteróides ovarianos (estradiol, progesterona e testosterona), levando à redução do desejo sexual em uma parcela significativa de mulheres na pós-menopausa*.
Entretanto, precisamos ficar atentos aos seguintes aspectos:
I – fatores demográficos: tempo de casamento, diferenças de idade, número de filhos, ocupação e escolaridade;
II – fatores patologicos: diabetes, doenças autoimunes, obesidade, incontinência urinária e menopausa;
III – fatores psicológicos: os mais importantes são depressão, ansiedade, medicações psicotrópicas – este foi o maior fator que influenciou o desejo sexual;
IV – fatores psicossociais: comunicação interpessoal, crenças, atitudes e nível socioeconômico.
Portanto, as variáveis mentais e emocionais influenciam muito mais na satisfação sexual! Você pode se encher de hormônio, arcar com todas as consequências das doses suprafisiológicas, mas se toda sua autoestima, seus sentimentos, seu relacionamento e seu trabalho não estiverem bem, sinto informar: não vai funcionar!
Se você tiver dúvidas sobre como melhorar a libido em mulheres ou outros assuntos relacionados à ginecologia, entre em contato comigo – e me siga nas redes sociais!
*Dennerstein et al., 2006