Existe risco de engravidar durante a perimenopausa?

23 de junho de 2022

O fim do período reprodutivo feminino ainda é um assunto que gera diversas dúvidas entre as mulheres. Além das transformações físicas e mudanças hormonais, que são típicas dessa fase, a falta de conhecimento sobre o próprio corpo gera outro conflito: existe risco de engravidar durante a perimenopausa

Para quem não sabe, a perimenopausa é a fase que antecede a menopausa. Nesse período, alguns dos sintomas mais comuns começam a dar os primeiros sinais, como: irregularidade dos ciclos menstruais, alterações de humor, enxaqueca e ondas de calor. 

Nessa fase, algumas mulheres – que estão na faixa dos 50 anos – mantêm uma qualidade na produção dos folículos, embora os ciclos menstruais estejam mais curtos. É comum, inclusive, pacientes duvidarem da possibilidade de engravidar durante a perimenopausa

No entanto, é importante ressaltar que apesar das chances de engravidar durante a perimenopausa serem baixas, elas existem. Sendo assim, o médico tem como responsabilidade proteger a mulher nessa etapa da vida. E o que quero dizer com isso? 

Diante desses casos, o profissional deve recomendar o tratamento com anticoncepcionais que contenham estradiol ou valerato de estradiol. Esses medicamentos vão permitir que o ciclo menstrual fique regular e que a paciente não engravide. 

Reposição hormonal oferece riscos à saúde feminina? 

Em outras ocasiões, expliquei sobre a importância da Terapia de Reposição Hormonal (TRH) e quais os benefícios gerados à saúde feminina com esses tratamentos. 

Contudo, um trabalho realizado no fim da década de 1990 e início dos anos 2000, que contou com a participação de mais de 16 mil mulheres, tentou explicar como a reposição hormonal era benéfica e importante para as pacientes que entram na menopausa. 

Nesse contexto, mulheres de várias faixas etárias foram inseridas no estudo – a maioria, por sua vez, não apresentava sintomas e tinha muitos anos de menopausa – um erro!

O resultado dos estudos mostrou que, após 5 anos, o risco de Acidente Vascular Cerebral (AVC) aumentou em 41% e o ataque cardíaco em 30% – além das chances de desenvolver trombose. 

“Pare o estudo imediatamente que deu tudo errado” – não, calma! É importante entender que no caso dessa análise, o primeiro erro foi ter convocado muitas mulheres que estavam na menopausa há muitos anos. Por que dar hormônio para essas pacientes? 

O hormônio tem uma faixa etária na qual ela é segura. Após um certo tempo sem produzi-los ou recebê-los, fazer a reposição hormonal pode ser uma alternativa delicada. 

WHI e a morte de mulheres durante a menopausa

Quando a WHI (Women´s Health Initiative) viu o alto número de mulheres que estavam tendo problemas por causa da reposição hormonal, eles as estratificaram a cada dez anos. 

Com essa divisão, os estudiosos observaram que, ao repor hormônio em mulheres que tinham menos de 10 anos de menopausa, os eventos cardiovasculares e os infartos eram menores que a população que não fazia reposição – ou seja: o hormônio tem fator de proteção nessas pacientes.

Além disso, essas mulheres tiveram menos fraturas e alterações em tumores intestinais . Até mesmo no câncer de mama o aumento foi muito insignificante em relação à população que não recebeu hormônio.

Era um aumento de 1-3 casos em relação à população geral que não usava reposição. É claro que quando a gente fala em porcentagem, esses números parecem muito elevados. Porém, se formos avaliar o risco absoluto de mulheres atingidas a cada x mulheres, os índices são baixos – infelizmente, a mídia não se esforça em esclarecer o caos da interpretação!

A reposição, quando feita de forma oportuna, é uma ótima alternativa para melhorar a qualidade de vida das mulheres. Mas para isso, a paciente deve apresentar sintomas! Lembrem-se: hormônio não é o elixir da juventude e não faz milagre! Tem dúvidas sobre o assunto? Entre em contato comigo e me acompanhe através das redes sociais!